Ensaio
Portugal Pandêmico
Um projeto fotográfico pessoal, vazio e quieto.
Nos últimos dias do inverno europeu em 2020, me vi longe de casa, sozinho e as sombras do que seria a pandemia do COVID-19.
Comecei em Lisboa, mas nem cheguei a Cascais. O resto do continente ficou para o futuro. Portugal se tornou meu refúgio temporário, enquanto a insegurança me acompanhava a cada passo. Máscara no rosto, eu caminhava desconfiado, sem saber como me proteger do vírus. Vírus?
No segundo dia de alerta, me peguei refletindo sobre o medo e a vontade. Sem restrições, a cidade seguia apenas com o medo que pairava no ar. E, ao mesmo tempo, uma ânsia em aproveitar me fazia andar. Estava em conflito.
Em algum dia na mesma semana, abri o celular e mensagens com o mesmo tom de “volta, as fronteiras estão fechando e você não vai conseguir sair se ficar mais” me paralizaram.
O conflito continuava, e a agonia apareceu. Lisboa cada vez mais deserta. Máscaras eram obrigatórias agora.
Azul índigo ou royal? Durante meu tempo em Portugal, Lisboa se apresentou com um céu lindo, o mais bonito que eu já imaginei ver. Mais tarde eu descobri que é quase sempre assim.